O Comitê de Política Monetária (COPOM) anunciou nessa quarta-feira (5) mais um corte na taxa Selic. A redução foi de 0,25 p.p. para 2% ao ano, renovando a mínima histórica da taxa no país. Esse foi o quinto corte consecutivo só esse ano.
Segundo nota publicada no site do Banco Central, as reduções têm o objetivo de conter os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia, já que “a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário” elevado.
O que é a taxa Selic?
Basicamente, a taxa Selic é a taxa básica de juros da economia, considerada a “taxa mãe” entre todas as outras.
A taxa é usada para controle de inflação e, com isso ajuda a reduzir ou estimular o consumo. Desta forma, o juro mínimo é aplicado para que o dinheiro atual não se perca da inflação em determinado momento, nem para mais, e nem para índices a menos.
Também está ligada aos juros que os bancos cobram na hora de emprestar dinheiro ou fazer financiamentos.
Aplicações de renda fixa rendendo menos
Com o atual ciclo da queda da Selic, chegando ao patamar mínimo de 2% ao ano nesta última quarta feira, é normal que investidor se pergunte: e meus investimentos na renda fixa?
A única certeza que os investidores acabam tendo é que suas aplicações em renda fixa serão ainda menos vantajosas, pelo menos, as que estiverem atreladas a este índice.
Com a taxa a 2%, a poupança, por exemplo, passa a ter rendimentos irrisórios de 1,6% ao ano.
Alta do dólar
O corte na taxa Selic contribui também para a alta do dólar. Como a taxa de juros se encontra muito baixa, o real perde força e passa a não ser tão interessante para investidores estrangeiros fazerem investimentos no Brasil.
Por que não se sente tanto a diminuição da taxa?
1. Spread
O primeiro motivo pode ser atribuído ao spread brasileiro, que é considerado um dos mais altos do País.
Caso você não saiba o que significa, o Spread é a diferença de juros entre o que o banco oferece aos consumidores, do que de fato ele realmente paga aos investidores da instituição.
Portanto, mesmo que alguns bancos estejam repassando a queda da Selic na linha de crédito e empréstimos da instituição, certamente ela não será exatamente a mesma que a Taxa Selic, gerando assim, esse círculo vicioso.
2. Inadimplência
Outro motivo para que você não sinta o impacto da queda da Selic de maneira direta, pode ser atribuído à taxa de inadimplência brasileira.
Atualmente, ela representa cerca de 22,4% do mercado financeiro, de acordo com os estudos realizados pela Febraban, entidade responsável por representar as instituições bancárias.
De acordo com esse mesmo estudo, o custo da inadimplência do país costuma ser duas vezes maior do que o de outros países emergentes e até 08 vezes se comparado com países desenvolvidos.
3. Despesas administrativas
Por último, podemos mencionar os gastos com despesas administrativas, que incluem os gastos pessoais destas instituições, representando o montante de 18%.
Aqui, o peso também pode ser dividido com os impostos e o FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que fica com cerca de 12,5% do montante final.
Segundo o mesmo estudo mencionado anteriormente, o Brasil atualmente tem uma das maiores cargas tributárias do país, onde 45% está relacionada aos bancos, fazendo com que esse cálculo esteja entre um dos 13 maiores da pesquisa.
O que esperar a partir de agora?
Segundo especialistas, a taxa não permanecerá assim por muito tempo, mas até surtir o efeito desejado na economia real. Segundo relatório do próprio banco central, há estimativa de volta à casa dos 3% já no ano de 2021.