Educação Financeira

Coronavírus - segunda-feira negra do Dow Jones no Brasil

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Em uma manhã de segunda-feira, em outubro de 1987, o mercado internacional presenciou um dos acontecimentos mais tenebrosos e fatídicos do mercado financeiro americano. 

Evento esse que ocasionou um efeito dominó, afetando as bolsas do mundo inteiro. Os 22,61% de queda, de pontos perdidos no índice Dow Jones naquela segunda-feira negra, marcou o mercado de capitais para sempre. 

O impacto foi tão grande que levou ao total colapso o banco de investimentos da família Rothschild, de mais de 100 anos de história. 

Para alguns dos principais ícones do mercado financeiro, esse foi um dos eventos mais marcantes do mercado de capitais depois da recessão de 1929, até mesmo mais dramático do que a crise no mercado americano em meados de 1970. 

Será que agora, 22 anos depois, estaria o mercado financeiro mundial enfrentando o “Black Monday de nove de março de 2020”? 

Sinceramente, acredito que seja um pequeno exagero fazer esse tipo de comparação, começando pela amplitude da queda em um único dia. Em 1987, a queda em um único pregão foi de mais de 20%, levando boa parte do mercado financeiro à beira do colapso. Em 2020, as quedas nas bolsas norte americanas foram de pouco mais de 6% ou 7%. Na Europa tivemos um movimento mais forte em alguns índices, que chegaram à casa dos dois dígitos, devido a um fator “propulsor e multiplicador”, conhecido como Coronavírus. 



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No Brasil, a correção nos preços das ações foi um pouco mais dramática. Tivemos uma queda de mais de 12% em nosso principal índice, o IBOVESPA. Mas será que esse fato seria suficiente para nos fazer “pendurar a chuteira dos investimentos” e partir para outro ramo?! A resposta é: claro que não! 

Os movimentos de alta e de correção realizados pelo mercado financeiro, até mesmo no mercado imobiliário não são de agora, nem muito menos uma novidade. Em 2008, houve uma correção na precificação dos títulos de hipotecas “subprime”, acontecimento impossível de ter sido previsto naquela amplitude. 

Independente de qual seja o investimento realizado por você, por mim ou pelos principais gestores, as correções nos preços vão sempre existir. Correções para cima, se os ativos estiverem subvalorizados e correções para baixo, se estiverem supervalorizados. Nenhum investidor ou trader deve ter medo desse tipo de acontecimento, mas deve respeitá-lo e saber que ele pode se repetir a qualquer momento.

Então, sabendo que o mercado segue numa sequência de movimentos de alta seguidos por um movimento de baixa, o que podemos fazer? 

De acordo com Warren Buffett, seguindo os ensinamentos de Benjamin Graham, podemos aproveitar os movimentos de queda desenfreados nos preços das ações, para comprarmos ações de boas empresas de nossa preferência, por um preço mais baixo, com desconto. 

Parece fácil esse método, mas não é tão simples acertar o olho da mosca, quando o movimento de queda nos preços das ações chegará a sua exaustão para daí começar um movimento de alta. É uma tarefa tão difícil quanto escolher entre comprar ou não ações de uma empresa. 

Portanto, nesse tipo de estratégia, não fique tentando acertar o “olho da mosca”, o “timing perfeito”, se preocupe apenas em comprar em um preço justo, um preço mais barato em comparação àqueles investidores que ouviram de alguém que tais ações de determinada empresa estão “arrebentando de subir”. 

Outro fator relevante que fortalece ainda mais o parágrafo acima, é que dessa vez a reação por parte dos principais bancos centrais do mundo foi mais rápida. Os bancos centrais estão mais “espertos”. 

Em 2008, eles optaram por serem mais lentos e isso teve uma consequência catastrófica para o mercado, levando à quebra o banco Lehman Brothers, que já acumulava mais de 150 anos de história. Essa crise mundial não poderia ter sido evitada, mas poderia, pelo menos ter seus estragos um pouco diluídos. 

Outra informação relevante é que a atual crise do petróleo entre Rússia e Arábia Saudita, causadora de mais de 12% de queda em nossa bolsa, somado ao perigo de um vírus que aos poucos se espalha por todo mundo, é que o tombo no preço do barril petróleo se trata de uma “crise” causada. 

Não é um acidente. 

Portanto, até o momento não há a necessidade de resgate das instituições por parte dos Governos. 

Outra informação relevante, agora relacionada ao Coronavírus, é que a rápida disseminação e troca de informações pela internet fez com que o mundo inteiro conhecesse e se preparasse muito mais rápido para uma possível chegada do COVID-19. 

Existem alguns especialistas que dizem que o vírus COVID-19 tem uma dificuldade relativa em se espalhar em países tropicais, com temperaturas mais altas. Coincidência ou não, a Ásia, a Europa e até mesmo os EUA acabaram de passar pela estação mais fria do ano, o inverno.

Mas, já que aparentemente o vírus não é tão “violento” e a briga entre a Rússia e a Arábia Saudita é algo que pode ser resolvido com um simples acordo, seria esse o momento ideal para compra de ações? A resposta é: depende! 

Se fizermos uma análise fundamentalista, levando em conta o método do Benjimin Graham mencionado acima, pode ser que seja uma ótima ideia sair à “caça” na busca de oportunidades de compra de boas ações com desconto. 

Mas se for por meio de análise gráfica, por hora, a maioria dos papéis estava dando sinal de venda, na verdade. 

E para os investidores que já estão com todo seu capital posicionado, é recomendado ter muita calma e resiliência, pois provavelmente estão devolvendo boa parte dos lucros obtidos em 2019 e tem “gordura” para queimar, enquanto esperam uma recuperação rápida nos próximos trimestres. 

Para quem acabou de entrar no mercado de renda variável muito concentrado no mercado de ações, é recomendado que seja feita uma análise dos papéis que compõem sua carteira. 

Ações de empresas ligadas ao petróleo e ao turismo vão oscilar demasiadamente nas próximas semanas, portanto, vai do perfil do investidor a tomada de decisão sobre manter ou não essas ações em carteira. 

Um grande exemplo são as pessoas que compraram PETR4 no começo do mês de março sem proteção. Esses investidores estão, no momento, com uma “ré” de mais de 30% em seu investimento, o que vai exigir muita paciência para recuperar esse capital. 

https://www.youtube.com/watch?v=MuReRleahwY&t=21s

Conclusão

Para quem já está dentro, com todo capital aplicado, recomendo muita calma e sabedoria nas decisões sobre os próximos passos envolvendo investimentos. Se você investe em fundos de ações, por exemplo, saiba que nos bastidores desses fundos, existe uma equipe muito experiente e gestores muito bem preparados. 

Agora se você está comprando ações, é sugerido avaliar se elas estão ou não diretamente ligadas e afetadas pelos fatos que estão justamente ocasionando a grande queda nas bolsas mundiais. 

Para quem está de fora, só com o “dedo no botão” para executar uma entrada, muito cuidado nesse momento. 

Não faça nada de alavancagem sem proteção. 

Faça uma análise macro ou fundamentalista bem completa. 

Ou então peça o auxílio dos profissionais do mercado financeiro mais próximos de você. 

Só não deixe o trem passar e não te levar ou, se já estiver dentro dele, não pule para fora em alta velocidade, pois pode acabar cometendo suicídio.

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Luis Outi

https://investidorindependente.com/

Amante do mercado financeiro. Trabalho no mercado financeiro desde 2008, especializado no mercado de renda variável e de derivativos, também conhecido como opções.