Educação Financeira

Rally de Final de Ano nas Ações da Bolsa de Valores

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Para quem trabalha como gestor, trader, analista de investimentos, consultor ou até mesmo para os amadores do mercado de renda variável, todos sabem que existem diversas formas e métodos de analisar o mercado, principalmente o mercado de ações. 

Algumas pessoas gostam de utilizar métodos de análise gráfica, outros preferem análise fundamentalista ou análise quantitativa.  Não existe método certo ou errado e sim o método que funciona para você, para o seu perfil, para o seu horizonte no que tange prazo e apetite por risco. 

Dentro desses métodos e estratégias, existe uma técnica muito interessante, porém pouco conhecida, que leva em conta a sazonalidade dos mercados. Essa técnica é mais comumente utilizada no mercado de ações e commodities. 

Existem especialistas na área que garantem conseguir resultados satisfatórios com a simples observação de movimentações dos preços, em determinadas fases do ano ou do mês. 

Pessoalmente, já ouvi falar de sazonalidade no daytrade, sazonalidade semanal, sazonalidade mensal e tudo que você pode imaginar. 

Mas, sendo bem sincero, não costumo operar muito com esse “feeling”.

No entanto, sou obrigado a admitir que existe uma estratégia sazonal que sempre me impressionou e que sempre funcionou muito bem. Me refiro ao método sazonal do “Rally” de final de ano do mercado de ações. 



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Entendendo o método sazonal no mercado de ações

Alguns vão discordar do assunto do nosso artigo de hoje. Para essas pessoas eu digo que eu também já fui cético com essa estratégia. Mas já diz uma famosa e antiga frase que: contra fatos não há argumentos!  E para comprovarmos as palavras deste artigo, basta olhar para um gráfico do IBOV com mais de 20 anos. Recomendo que caso queira tirar a prova real, não olhe apenas o gráfico diário do IBOV no ano de 2019, pois esse ano simplesmente confirma como verdadeiro o método sazonal de final de ano. 

As regras para o nosso estudo de hoje são bem simples e o método também. A estratégia diz que o mercado de ações (pode ser o IBOV mesmo) sobe de 7% a 10% nos últimos 3 meses do ano!  

Mas isso tem uma regra. 

Esse “final do ano” começa a ser contado no último dia de setembro e tem prazo máximo para fechamento até o último dia de pregão do ano, para atingir o alvo da movimentação positiva, mencionado acima. Se realizar um estudo estatístico, poderá chegar a um nível de acerto de até 75% das vezes, isso levando em conta os dados dos últimos 20 anos. 

E sabe o que é mais interessante? Mesmo nos 25% das vezes que esse método não funcionou, não foi sempre que o IBOV terminou na “zona de prejuízo máximo”.  

Na verdade, nos únicos 5 anos que não conseguimos bater o alvo mínimo de 7% ou 10% - em 2 desses 5 anos, o IBOV terminou positivo acima de 2% no último dia de pregão do ano. Em 1 único ano desses 5, ele terminou no 0x0 e apenas dois deles foram os piores. 

Dentro desses dois piores anos, um deles terminou o ano 2.000 com pouco mais de 4% negativo. E o pior ano, você sabe qual foi?  O ano da crise “subprime”, isso mesmo, o ano de uma das piores crises mundiais envolvendo os Estados Unidos desde 1929, 1937 e 1973 e 2001 na bolha da internet.  Nesse ano de 2008, acredito que nenhum método sazonal pudesse estar fazendo sentido, a não ser o método brilhante do Benjamin Graham. Mas o método do “Investidor Inteligente” não é nossa discussão de hoje. 

Como é possível notar pelos dados acima, o método da sazonalidade de final de ano tem funcionado bem de acordo com os últimos dados históricos, em um mercado relativamente jovem como é o caso do mercado de ações brasileiro.  

A pergunta que vem na cabeça agora é: “Se eu sei que o mercado repete esse ciclo, 75% das vezes positivo nos finais de ano, como tirar proveito disso?”

Estratégias e possibilidades para o fim de ano

Umas das formas seria se posicionar na compra em contrato futuro do índice em setembro, mas com vencimento para janeiro. Lembrando de não alavancar demais, pois se trata de uma operação especulativa e também do fato dessa operação ser um pouco mais “cara”, pois será necessário se posicionar num contrato futuro com vencimento mais longo. 

Uma alternativa para o contrato futuro do índice é a ETF do IBOV, a BOVA11. Se o investidor considerar um pouco arriscado demais o mercado futuro ou simplesmente não gostar de operar BOVA11, uma alternativa pode ser se posicionar em alguma ou algumas das principais ações de maior peso no índice. Hoje são: VALE3, ITUB4, PETR4 e mais algumas. 

Se mesmo assim o investidor considerar arriscado demais, pois em 2008, por exemplo, o índice fechou com uma queda de 23% do final de setembro até o último dia de pregão de 2008, o investidor pode se posicionar em opções das bluechips, bem dentro do dinheiro, com vencimento para janeiro, mas sem alavancar.  

O risco acaba se tornando menor, pois o prazo final da estratégia no tempo é menor que o prazo de vencimento das opções, já que você será obrigado a fechar a operação se o IBOV não bater os 7% ou 10% de alta até o último dia de pregão do ano.  

E o mais legal nisso tudo é que se aprofundando um pouco mais nos derivativos, quando você se posiciona em opções bem dentro do dinheiro, você acaba tentando buscar opções mais próximas de um delta de 100%. Se as ações bluechips dessas opções subirem como o IBOV, você ganha “quase 100%” desse movimento, mas na queda, o delta vai diminuindo e o investidor acaba participando cada vez menos da queda. Lembrando que é sempre bom evitar opções com muito VE (valor extrínseco) nessa última estratégia. 

Conclusão

Existem outras formas de especular essa movimentação de final de ano com um risco mais reduzido, mas se abordarmos 100% das estratégias nesse artigo, ele poderá se tornar muito longo e maçante. 

O fato é que essas oportunidades existem e você ou eu, acreditando ou não, irá veressa movimentação positiva quase sempre vai se repetir no final de cada ano, pelo menos em 75% das vezes. 

Agora depende só você, abrir o gráfico do IBOV, de PETR4, VALE3, ITUB4 ou outras bluechips, para tirar a prova real do que foi discutido nesse artigo e ficar preparado para 2020 e os próximos anos. 

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Luis Outi

https://investidorindependente.com/

Amante do mercado financeiro. Trabalho no mercado financeiro desde 2008, especializado no mercado de renda variável e de derivativos, também conhecido como opções.